A regulação
da internet retornou às manchetes por causa da espionagem norte-americana.
Agora envolveu a Alemanha. O tom das conversas passará a ser outro. A começar
pela reunião da cúpula europeia, amanhã, em Bruxelas, que já conta com esse
novo item na pauta (aqui).
Regular a
internet não significa cercear a liberdade, mas sim garantir o exercício da
legítima liberdade. No caso, regular é estabelecer regras de utilização para proteger
a privacidade e a soberania.
As normas
internacionais existentes destinadas a proteger a privacidade e a soberania mostraram-se insuficientes. Será necessário ser mais específico e exigente na
fixação das regras.
O recente discurso
da Presidente Dilma na ONU foi objetivo sobre o uso de tecnologias e da
internet. Sustentou que é preciso ter regras claras e responsáveis para a proteção
de cidadãos e Estados. E propõe que a ONU tome a frente nesta missão para
coibir as práticas nocivas no espaço cibernético.
Andrés
Oppenheimer, jornalista do El Nuevo Herald e da CNN Espanhol, entendeu que a
manifestação da Presidente brasileira deveria colocar a todos muito nervosos (aqui). O articulista fez relação com a
proposta apresentada pela China e pela Rússia, em 2005, para a regulação do
conhecido “spam” que poderia levar, segundo Oppenheimer, a uma forma de censura.
A proposta
apresentada em 2005 sequer foi oficial e não proibia conteúdos. Basta inteirar-se dela. De qualquer forma, o conteúdo do
discurso da autoridade brasileira nada falou sobre isso. A conclusão do
articulista não tem fundamento.
A regulação
internacional da internet deve ser feita pela ONU que é o foro legítimo para a
criação de normas Direito Internacional. Poderá também criar-se um organismo
internacional intergovernamental com esta específica finalidade, em vez de permanecer
nas mãos de organismo privado que hoje fixa as regras na internet, que é o ICANN - "Internet Corporation for Assigned Names and Numbers". Veja-se, por exemplo, que a IANA – "Internet Assigned Numbers Authority" é um órgão do ICANN que tem a função
de controlar os números dos protocolos em escala mundial (o conhecido IP) com
base no que foi pautado no contrato entre o ICANN e os EUA (aqui).
A criação
de normas internacionais se daria por consenso. Meio democrático, portanto. Não
há o que temer para quem verdadeiramente defende a democracia. Temem – e por isso resistem – apenas aqueles que se acham mais
do que os outros e têm privilégios a perder.
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